Descobri meu propósito — como instrumento de paz — ainda criança. Embora minha infância tenha sido marcada por dificuldades e instabilidade, com noites mais seguras em uma sala de aula do que em minha própria cama, ela também foi repleta de dádivas que me proporcionaram uma profunda compreensão do sofrimento da humanidade. Após concluir a faculdade de enfermagem, continuei a cultivar minhas paixões de longa data pela música e pela escrita. Aos 43 anos, voltei para a faculdade — não para estudar enfermagem, mas para seguir meu coração. Obtive um bacharelado em Inglês com especialização em teatro e, posteriormente, ingressei no Programa de Pós-Graduação em Escrita de Teatro Musical da Tisch School of the Arts da NYU. Concluí meu mestrado em Belas Artes em 1999. Esse projeto de tese — O Milagre de Fátima, o musical — tornou-se o veículo através do qual minha vocação realmente floresceu. Continuei minha formação mariana estudando A História e a Vida Divina da Virgem Maria — a Mensageira de Fátima. O texto original — A Cidade Mística de Deus — foi escrito pela Venerável Irmã Maria de Jesus de Ágreda (século XVI). A tradução para o inglês, escrita pelo padre George Blatter, de Chicago, foi publicada em 1912. Foi esse livro que caiu aos meus pés em setembro de 1999, e assim nasceu "Bendita seja o Seu Nome". Sou mãe de três filhos: John, Elizabeth e Bethany. Apenas Beth permanece viva. Elizabeth faleceu logo após o nascimento devido a uma malformação congênita. Meu amado John, porém, viveu até os 39 anos e foi meu maior incentivador. O sucesso de "O Milagre de Fátima" se deve, em grande parte, a ele. Nos primeiros tempos da turnê, éramos apenas nós três — John, sua noiva, Eva Roman, e eu — carregando nosso enorme cenário e equipamentos em um caminhão de 16 rodas. John cuidava da montagem, da iluminação e do som. Eva era a diretora de palco. Eu era responsável pela recepção. Durante seis meses, viajamos todos os fins de semana para quinze cidades diferentes. O que eu não sabia na época era que John estava sofrendo em silêncio. Abusado durante anos por um padre quando adolescente, ele carregou o peso desse trauma em silêncio durante toda a turnê. Só quando ele me contou, aos 26 anos, é que tomei conhecimento da dimensão do ocorrido. Fui à igreja daquele padre e o encontrei pessoalmente. Ele ficou atônito quando lhe ofereci misericórdia. Eu disse simplesmente: "Você nos oferece a oportunidade de expressar a verdadeira natureza de Deus". Mais tarde, John recebeu uma indenização de US$ 500.000 da diocese e doou grande parte desse valor para apoiar o desenvolvimento do musical. Mas as feridas que ele carregava eram profundas. Apesar de sua devoção a Nossa Senhora de Fátima, apesar de anos tentando se curar, a dor acabou por dominá-lo. Em 17 de fevereiro de 2016, John tirou a própria vida. Depois disso, lutei com a minha fé. Mas, no ano seguinte, algo extraordinário aconteceu. Uma mulher que viajava com a imagem de Nossa Senhora de Fátima escreveu dizendo que visitaria minha paróquia — por apenas um dia. Era 14 de junho de 2017 — aniversário de John. Eu estava sentada sozinha em um banco na Igreja de Santa Ana, chorando enquanto contemplava Seu rosto. E no silêncio, ouvi Sua voz: "Eu também perdi meu Filho". Daquele momento em diante, eu soube — eu tinha que continuar. Compartilho esta história profundamente pessoal para que vocês saibam que muitas vezes eu disse: "Chega de Fátima. Chega de Igreja". E, no entanto, sempre sou atraída de volta — porque Sua mensagem não me deixa ir. Este ano, completo setenta e três anos. Hoje, Bendito Seja Seu Nome — um roteiro que escrevi há vinte e cinco anos — renasceu como um romance e um audiolivro multilíngue. E enquanto o musical ainda está sendo produzido, escrevi outro livro — Uma Questão de Fé, a história de Fátima para o mundo de hoje, combinando meu amor por contar histórias com elementos musicais do meu musical O Milagre de Fátima. E continuo, como prometi à Nossa Senhora, a servir até meu último suspiro.